... E sábado à noite, enquanto esperava uma amiga, entrei numa livraria dessas completíssimas... passaria horas lá dentro!
Caminhei pelos corredores, dei uma olhada no que havia de novo e, de repente, dei de cara com um livro chamado “A Importância de Ser Esposa” de Anne Kingston. O livro já chama atenção pela capa, azul Tiffany’s com um dedo anelar esquerdo, erguido com uma poderosa aliança, mas o que realmente me atraiu foi o título por, à princípio, abordar um tema tão antiquado. Seria, no mínimo, corajoso por parte dessa tal Anne escrever sobre isso em pleno desnorteado século XXI!
(Para falar a verdade, quando li o título me senti na década de 50, de chapéuzinho e luvas passeando com minha sombrinha!)
Curiosa e ávida por palavras, tratei de pegar um e dar uma lida com a certeza de que iria encontrar aquele lenga-lenga doce e melado de livros românticos demais.
Resumidamente, o livro busca analisar o impacto do casamento na vida da mulher contemporânea. E, de fato, tive que concordar com basicamente 2 pontos que pude ler:
1. O casamento e, principalmente, a noiva são indústrias extremamentes potentes, ícones de consumismo e status.
... Ou seja, ou você casa “de verdade”, com toda a pompa e circunstância que o momento “exige”, ou give up now, não rola, fica até feio.
Mas, agora, pense comigo... casar numa cerimônia singela, numa praia linda, com poucas pessoas, um vestido leve é cafona?! Bom, eu não concordo e a Anne também não. Achei ótimo!
2. Há uma romantização exacerbada e equivocada da vida doméstica.
Todo mundo quer dividir aquele cantinho mais “fofo” com alguém “full-time-fofo”, todo mundo quer esperar o maridinho voltar do trabalho, todo mundo quer uma esposa linda e perfeita, todo mundo resolveu achar que jantar à luz de velas é tão prático, lindo sempre e zerado de stress quanto a um Disk Cook qualquer, todo mundo acha que “casa+contas+empregada+compras+...” – ou seja, tudo aquilo que você tem quando mora com seus pais e nem se dá conta da existência – é simples de encontrar e fácil de manter.
Curioso perceber que o mundo gira, gira e as pessoas mantém umas aspirações tão clássicas. É como diria Belchior, lindamente interpretado por Elis: “Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais...”, essa é a verdade!
Obviamente não li o livro inteiro, mas dei boas folheadas e até me interessei em comprá-lo mas, logo ao lado, li outro título que me interessou muito mais do que todo esse sonho do casamento, fixação em outro ser por puro comodismo ou pressão social: “Vale a Pena Arriscar”, de Robin Pilcher.
Bom, não tive tanto tempo para folhear este livro, mas logo imaginei que este seria o meu escolhido da noite, afinal, arriscar verdadeiras escolhas, amores efêmeros, porém genuínos vale mais, na minha opinião, do que uniões convenientes e gélidas, falsas felicidades, frustados unidos na alegria e na tristeza.
Arriscar um sorriso, uma palavra sem filtros cérebro-boca, arriscar sentimentos verdadeiros, vontades, declarações, falhar, cair e levantar. Arriscar-se para ser você mesmo: isso sim é importante, talvez, até mais, do que ser esposa, marido ou outro título qualquer.
Arriscar ser, isso sim vale.
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