Wednesday, December 28, 2005

desejo...

Depois de ler uma milhão de lindas mensagens sobre o que todo mundo deseja p’ro ano que vem, eu resolvi escrever exatamente sobre o contrário: o que eu não desejo nem p’ro ano que vem, nem p’ra nunca.
Falo, primeiramente, sobre perder amigos, amores, entes queridos. Isso não desejo p’ra ninguém. Mas, quando digo “perder” não é necessariamente sobre morte que penso. Pode ser distanciamento sem ligação posterior, saudade doída, ruim demais!, olhares perdidos, desencontros...
Tenho medo de perder o cotidiano, perder a intimidade com quem já tive um dia ou perder a cumplicidade dos amigos. Eu tenho medo de perder as coisas rotineiras. De perder conversas diárias, assuntos comuns, as praias seguidas de Manekineko, os chopps que, apesar de eu não ir p’ra beber o chopp em si, são as festas dos domingos, amigas falando todas juntas num barulho que só a gente entende, as voltas p’ra casa como sol nascendo, as piadas mais bobas – mas sempre as melhores! – as ligações só p’ra dizer “E aí?”, as descobertas (thongs!), abraços silenciosos que dizem tudo, as viagens mais inesquecíveis e por aí vai...
Tenho medo, muito medo de perder mãe, pai, irmãos. Pessoas com quem convivi desde que era um nada ainda... Colo, carinhos sem hora p’ra acontecer, disponibilidade de ouvir, conversas, bilhetinhos na cabeceira da cama desejando “Boa Sorte!”...
E de perder um amor? Fato que quando a gente acha um amor, o que a gente menos quer é que ele parta, suma do mapa como se fosse devastado por uma tsunami. Medo de não ter mais a mão que encaixa com perfeição, o beijo que trás paz, o olhar que transmite serenidade, a voz que arrepia e faz nascer desejo.

Também desejo não ser arrogante, tímida ao extremo, nem exagerada demais.

Desejo não ter que me preocupar com as esquinas da minha Cidade Maravilhosa, desejo não precisar dizer não p’ra uma criança carente.

Tenho medo de perder a liberdade de ir e vir, medo de não ter mais paciência p’ra escrever, de comer mais do que deveria.

Medo de ser complicada, de ser romântica demais e medo de ser magoada. Ruim, dói muito isso.

De querer alguém que não me quer, de tropeçar e machucar o joelho, de escolher o chocolate mais caro e não gostar.

Medo de ser impaciente, de não saber esperar, de querer resposta correta e imediata p’ra tudo!

De olhar p’ro lado e não te ter mais, de olhar p’ra dentro e não te ter mais...

Sim, tenho medo, muito medo de ser lembrança vaga, sem muita definição, pessoa que passou com as águas de Março que sempre levam o Verão.
Exorcisar esses medos no Reveillon é o melhor que se pode querer e, consequentemente, fazer.
Então, por fim, desejo que todos os meus e os seus medos sejam desfeitos e se transformem em motivo de risada...

2 comments:

Anonymous said...

Você realmente escreve muito bem! Parabéns, desde que descobri seu blog não perco um post...me identifico mto com as histórias, os pensamentos. Passa p´ro Manoel Carlos pq qqr uma dessas entra numa novelinha dele!! Agora outra coisa: existe uma paixão enorme aí por alguém, dá p/ ver no fundo, na essência de todos os textos...se não for correspondida, ESQUECE, com certeza esse cara não te merece. Não sabe dar valor ao que é importante, deve ser muito superficial. Apenas um palpite. Segue em frente mesmo que tenha saudades, o mundo inteiro te espera, cheio de gente linda (por dentro e por fora) p/ te fazer feliz!!! Faz do seu 2007 o ano do amor...se não encontrou ainda é porque não chegou a hora, ou então vc pode estar "procurando areia fora da praia", se é que me entende...
Se cuida
Beijinhos
(se não for incomodar comenta sobre isso que coloquei só p/ ver se estou certa ou falando alguma bobeira. Espero que não)

Anonymous said...

Sempre leio seu blog. Você tem uma sensibilidade surpreendente...

Na boa, deixe esse idiota pra lá e abra os seus olhos para o que a vida tem a lhe oferecer...são infinitas oportunidades.

Não fique presa a um amor fracassado. Homens confusos são um atraso de vida. Quem ama de verdade fica ao lado e não tem dúvidas.

Não te conheço, você não sabe quem eu sou, mas desejo a você um 2006 maravilhoso e que você consiga se desvenciliar desse seu "caso mau resolvido".

Pelo o que pude perceber em você, seu coração merece coisa muito melhor. Uma pessoa especial, de verdade. Alguém que não cause tanta angústia e lhe traga coisas boas, sensações de plenitude e não mágoas e tristezas.

Ame-se muito acima de tudo. E só fique ao lado de quem conseguir amá-la da forma como você merece. Não aceite menos do que isso.

Tudo de bom pra você, viu?

Beijos