Comecei a notar que o mundo é feito de momentos descartáveis.
Você vive uma determinada situação e pronto, dias depois já esquece.
Você conhece, beija e amanhã já não sabe nem o nome do dito-cujo.
Você compra, usa 2, 3 vezes e joga fora.
Você conhece alguém e, ao encontrar de novo, nem cumprimenta.
Por que ser tão efêmero?
Será que as pessoas estão em busca da tal “política do desapego”?
A vida é curta e o tempo voa, mas será que isso gera uma necessidade extrema de aproveitar cada momento tão intensamente que firmar laços, cultivar relações acabam virando utopias, coisas surreais!?!
A sociedade que está sendo criada é tão feia...
As “coisas” são descartadas com tamanha rapidez e ninguém se importa.
Não há memória, saudosismo, conservação de cultura!
Veja o caso dos nossos velhinhos.
Sim, o povo brasileiro está envelhecendo e ninguém pára para olhar por eles que, um dia, já olharam tanto por nós.
E as nossas crianças!
O documentário que vi num domingo desses me chocou, vi ali um cotidiano que, até então, pensava ser coisa de cinema.
Crianças armadas, sem esperanças, acreditando que a morte até é uma “saída”, que suas vidas aqui são indiferentes, que não são mais do que erros da natureza.
Muito, muito triste!
E, o pior: enquanto escrevo, em algum lugar, isso continua acontecendo, agora...
Não ver esse tipo de coisa é não querer se envolver com a realidade, é desapego ao que não interessa a você, como se não fosse interferir na sua vida. É como viver em lindos aquários onde tudo é perfeito e funciona e ter “Ema, ema, ema, cada um com seu problema!” como seu hino.
Ok, o mundo não pára p’ra que a gente resolva cada ponto da nossa To Do List, mas não é por isso que devemos fazer o mesmo... pelo menos, eu penso assim.
Concluindo, eu não nasci p’ra ver o mundo girar dessa forma.
Não consigo ver o mundo como números, cifras.
Não consigo ver os velhinhos como aumento da carga tributária.
Não consigo ver crianças como erros de adultos ignorantes.
Não consigo ver desesperança.
Não consigo.
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